Espelho do Passado - Entrevista
Espelho do Passado
Entrevista
Hoje, vamos conhecer uma empresa inovadora em Portugal, que faz investigação genealógica, especializando-se na pesquisa de ascendência sefardita, mas não só, e na elaboração de relatórios genealógicos.
1. O Espelho do Passado é uma empresa tecnológica de investigação histórica e genealógica que se distingue pelo maior investimento e aposta no digital. O que vos torna diferente de outras empresas?
Quando pensamos em história e genealogia, vem-nos à memória um historiador, de uma certa idade, debruçado sobre uma secretária com livros empilhados. Na Espelho do Passado, essa imagem é substituída por uma equipa dinâmica de jovens historiadores, que podem trabalhar em qualquer lugar de Portugal e do mundo, com um computador ligado a uma base de dados própria e com acesso aos diversos arquivos paroquiais e históricos. Contudo, o que nos distingue verdadeiramente, é a experiência da nossa equipa. Com uma atitude dinâmica e um pensamento “fora da caixa”, os desafios com que nos deparamos são fintados, de forma engenhosa, sem que os clientes se deem conta do trabalho que está por detrás.
2. Qual foi o ponto de partida e o porquê da enfase na ascendência sefardita?
Tudo começou em 2019, quando a nossa sócia fundadora Inês Narciso, historiadora e com mestrado em Criminologia, começou a ajudar uma amiga advogada, Beatriz Sidrim, que dava apoio jurídico nos processos de nacionalidade por via da Lei dos Judeus Sefarditas. Um dos principais desafios dos escritórios de advogados era encontrar empresas e genealogistas que conseguissem montar uma linhagem de ascendência sefardita com todas as provas geracionais até a um cristão-novo perseguido pela inquisição em Portugal. Parece impossível, mas não é! No entanto, requer um trabalho minucioso e uma boa base de dados de livros e documentos históricos. E foi assim que nasceu o Grupo de Genealogia Judaica (GGJ). Uma equipa de profissionais formados em ciências sociais e humanas, que foi crescendo à medida do volume de trabalho. Para além das linhagens de ascendência sefardita, o GGJ começou a perceber que muitos dos clientes queriam apenas conhecer os seus ancestrais, sem um propósito de nacionalidade. Assim, e para que a empresa não fosse apenas associada aos sefarditas, o GGJ mudou de nome para Espelho do Passado, e começou a incluir novos serviços e produtos de genealogia.
3 Qual o produto mais procurado pelos vossos clientes?
Os livros de Família são, sem dúvida, o nosso produto de eleição, pois combinam investigação genealógica com as histórias de família, fotografias e objetos que fizeram parte da vida dos seus ascendentes e que querem perpetuar na memória dos seus descendentes.
4. Quanto tempo demoram até conseguir mostrar resultados às famílias?
Depende muito do produto escolhido. Se for um relatório genealógico até aos 5/6ºs avós que inclui uma pesquisa de 126 familiares, o tempo de pesquisa e redação do texto será de 3 a 4 meses consoante a dificuldade das buscas. No entanto, um livro de família até aos 9ºavós (até 1008 ascendentes) podemos precisar de 10 a 12 meses até ao resultado final.
5. Os relatórios genealógicos e os livros de família são provas documentais muito interessantes. Já
serviram para prenda de família?
Sim, com certeza! São, de facto, o presente ideal para quem quer honrar as suas raízes familiares. Tivemos casos de pais que ofereceram aos seus filhos como presente de aniversário, filhos aos seus pais e mesmo irmãos que se juntaram para surpreender os seus pais no aniversário de 50 anos de casamento.
6. Têm alguma história engraçada, de família, que descobriram e podem partilhar?
Temos várias! Sem divulgar nomes, locais ou datas, posso partilhar um caso de uma família que tinha adquirido uma herdade a um particular nos anos 60 do século passado e que, por intermédio da nossa investigação, conseguiu comprovar que a mesma herdade tinha pertencido ao 7º avô do cliente. O cliente ficou muito contente em saber que tinha comprado uma propriedade que, um século atrás, tinha pertencido à sua família.
7. Quais os problemas mais frequentes com que se deparam?
Os maiores desafios de uma investigação genealógica são os filhos de pais incógnitos e a falta de registos paroquiais. Os motivos para essas falhas nas igrejas são vários como incêndios, inundações ou mesmo negligência por parte das paróquias no acondicionamento e arquivamento dos seus documentos.
Recentemente, tivemos um caso de uma investigação que não foi adiante porque os registos paroquiais tinham sido destruídos durante as invasões francesas. São casos raros, mas que, infelizmente, podem impossibilitar toda uma investigação genealógica.
8. E como fazem com os incógnitos?
Nesses casos não dá para avançar na investigação. Apenas se o próprio cliente ou algum familiar souber o nome desse incógnito e a sua naturalidade é que poderemos prosseguir na busca genealógica. Contudo, esse avanço na investigação é sempre da responsabilidade do cliente, visto que esse “incógnito” passa a ter nome com base na tradição oral familiar.
9. O que recomendam a quem quer começar a fazer investigação genealógica?
Primeiramente, reunir o máximo de documentação e informação junto dos familiares mais antigos, e fazer o pedido, das certidões posteriores a 1911, ao registo civil. Já com as certidões civis em sua posse, começar a pesquisa online nos registos paroquiais, dos assentos de casamento e batismo, com base nas localidades dos seus familiares. Poderão sempre inscrever-se numa plataforma genealógica gratuita para registar toda a informação que vão reunindo ao longo da investigação.
10. Quando e porquê se deve contratar especialistas, como a vossa empresa?
Embora qualquer pessoa, com acesso à internet, consiga iniciar a sua própria pesquisa genealógica, podem deparar-se com diversos desafios ao longo dessa jornada. Da nossa experiência, percebemos que um dos maiores desafios dos clientes que nos contactam a pedir ajuda, é a caligrafia da documentação e a não localização de assentos paroquiais. Os nossos historiadores têm muitos anos de experiência, o que possibilita que consigam localizar e interpretar certos dados que constam na documentação que a maioria não dá importância. É a experiência e o “pensar fora da caixa” que nos dá os resultados que muitos não alcançam.