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Mãe de quatro, dos 3 aos 21, criadora de conteúdos digitais, criativa na Gradiva, engenheira doméstica nas horas vagas e leitora compulsiva. Escritora mais em sonhos que na realidade, sonhadora diurna e dorminhoca noturna!

08.03.22

Ainda Precisamos do Dia Internacional da Mulher?


Silvia, a Mãe de Quatro

Ainda Precisamos do Dia Internacional da Mulher.pn

 

Todos os anos, chegando o dia 8 de março, muitos se questionam da verdadeira necessidade de um dia dedicado à Mulher. Numa Europa, que se diz igualitária, não devia ser necessário. Numa altura, em que as mulheres já conseguiram tantas vitórias, não devia ser necessário. Para chegar até aqui, muitas mulheres tiveram de lutar e até morrer para que possamos usufruir de direitos tão simples, como o de votar. O século XX foi pautado de pequenas e grandes vitórias, de avanços para a igualdade entre géneros. Direito a herdar, a menos horas de trabalho, a guiar, viajar, a ir à escola ou para a universidade pode ser tomado como um dado adquirido, mas ainda não chegou a todo o planeta.

No entanto, as mulheres não vivem apenas na Europa e, mesmo aqui, as diferenças nas oportunidades entre homens e mulheres ainda é sentida. Ao sairmos destas fronteiras, apercebemo-nos que há muitas mulheres que não usufruem dos direitos básicos à educação, trabalho dignamente remunerado ou acessos a cuidados básicos de saúde, só por serem mulheres. Basta olhar para o Afeganistão para percebermos que este dia ainda faz sentido.

Este dia, que pode ser livremente comemorado por todos, deve ser um dia para refletirmos sobre o nosso papel enquanto motores para uma sociedade mais justa. Um dia para cada empresa analisar se os lugares de topo são distribuídos, de forma equitativa, de acordo com as capacidades e não segundo o XX ou XY. Será que as grávidas e recém mães têm as mesmas oportunidades de subir na carreira? Os ordenados são livres de género, ou seja, são neutros e de acordo com a função desempenhada ao invés de quem a desempenha?

Falando sobre as famílias numerosas, serão as mães penalizadas quando têm mais de três filhos? Serão as mães de famílias numerosas tratadas de forma igual aos pais? O emprego, as oportunidades de carreira estão lá, mesmo depois do terceiro filho? Não creio que dependa tanto da mulher em si, como depende do empregador e deveriam ser estes a refletir sobre a sua política de apoio à natalidade e, consequentemente, às mães que desejam regressar ao emprego.

8 de março pode ser um dia para refletir sobre o trabalho que a mulher faz quando chega a casa. Muitas mulheres, a trabalhar a tempo inteiro, vão para casa continuar a sua jornada. Apesar de já não estarmos na época em que o marido chega, se senta no sofá e vê televisão, enquanto ela prepara tudo para o jantar, ainda não há uma distribuição equitativa de tarefas. Para além das horas de trabalho, muitas mulheres ainda têm uma carga de trabalho superior em casa e isso cansa. A disponibilidade para prosseguir estudos, fazer formação extra ou candidatar-se a cargos superiores dependem frequentemente de outros para dividir tarefas. E isso é tão século XXI! Discutir a partilha de tarefas é mais importante do que um jantar de mulheres (embora o ouro sobre azul, possa ser a “conversa”, deixar os filhos e o marido e ir jantar com as amigas – no dia 8, ou noutro dia qualquer).

Só que a casa, não é apenas palco de amor e trabalho. A casa é igualmente palco para violência doméstica, onde a vítima é, muitas vezes, mulher. Precisamos ainda de melhorar o nosso sistema de alerta e proteção destas vítimas (e de todas, crianças incluídas). Qualquer dia em que possamos refletir sobre esta triste realidade, é um bom dia, até ao momento em que não mais seja necessário.

Ainda Precisamos do Dia Internacional da Mulher? Enquanto houver mulheres, que simplesmente não têm acesso a uma vida digna e acesso a todos os direitos que o ser humano necessita para ser feliz, precisamos de um 8 de março. Não é um dia para as mulheres. É um dia pelas Mulheres, a ser comemorado por todos, independemente do género. Por isso, hoje ao receber a flor que distribuem na rua, perguntem:

- Em sua casa, as tarefas são partilhadas?

Ao receberem um miminho de uma empresa, questionem a sua política de igualdade de género. E, já agora, desejem um feliz dia da mulher ao ou à chefe, e perguntem-lhe para quando uma promoção!

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